A alimentação saudável é acessível para todos?
O que constitui uma alimentação saudável? E, mais: quem pode pagar por ela? Essas são perguntas essenciais para repensarmos os discursos sobre como precisamos “comer saudável” quando grande parte da população não tem acesso aos produtos por conta dos preços – e é obrigada a consumir determinados tipos de alimentos que são mais baratos e que, muitas vezes, não contêm os nutrientes necessários para o funcionamento adequado do corpo.
Ir ao supermercado, para grande parte das pessoas, pode ser uma experiência estressante. Os altos preços excluem diversos itens, como frutas, verduras e carnes da dieta diária das famílias. Produtos como café, leite em pó, entre outros, estão sendo substituídos por por produtos com “sabor de” ou “mistura de”, sendo esses, muito mais acessíveis para o grande público.
Ter uma “vida saudável” não é uma opção para muita gente. Jornadas de trabalho exaustivas, muito tempo perdido no trânsito, a insegurança em relação ao salário (e, por consequência, à alimentação) drenam o físico e o emocional de milhões de pessoas que, além disso, se sentem pressionadas ao abrirem as redes sociais, os canais de notícias, entre outros, com influenciadores vendendo estilos de vida aos quais eles simplesmente não têm possibilidade de acesso.
A ONU estima que mais de três bilhões de pessoas não podem arcar com dietas saudáveis, com variedade de alimentos. De acordo com várias pesquisas, dietas consideradas saudáveis podem custar quatro vezes mais do que dietas que proporcionam as calorias suficientes para que uma pessoa sobreviva. Existe, portanto, uma fome silenciosa, que não é medida na sensação de estômago vazio, mas na deficiência de nutrientes e vitaminas.
Por isso, não podemos reproduzir discursos de que as pessoas simplesmente “não querem” se alimentar com alimentos saudáveis ou ter uma vida mais ativa. Existem muitos fatores que influenciam os hábitos alimentares e, nesse sentido, enquanto sociedade, nos cabe lutar pela diminuição das desigualdades sociais e o acesso universal da população a DIREITOS como saúde e educação.