Sobre respeitar e aceitar o tempo de crescimento

O imediatismo é uma das características mais marcantes do nosso tempo. Somos estimulados a querer tudo agora – e nunca ficarmos satisfeitos. Essa dinâmica, própria do capitalismo, que depende do consumo constante para se expandir, é normalizada justamente para que a gente não questione as razões dessa frustração constante.

“Você precisa desta roupa agora; compre”. “Quer emagrecer? Basta usar este produto!”. “Está sofrendo? Aqui está a solução!”. Frases como essa reforçam a ideia de que há uma padronização para lidar com a vida e seus diferentes aspectos. Que bom que, com os avanços tecnológicos, é possível que muitas questões possam ser resolvidas mais rapidamente, se assim for necessário ou a escolha da pessoa. Mas, quantas vezes não nos confrontamos com desejos que não são necessariamente nossos, mas embutidos na gente?

Essa velocidade do contemporâneo é incompatível com a própria natureza da vida. As coisas nascem, crescem, amadurecem e findam em tempos distintos, próprios. As vivências de cada um de nós faz com que precisemos lidar com os ciclos de formas distintas. E há beleza nisso. O tempo do outro não precisa ser o seu e vice-versa. Às vezes, algo vai demorar para sarar. Em outras, o amadurecimento vai nos fazer lidar de forma mais leve com a mesma situação, pois já passamos por ela e criamos resiliência. 

“Amor fati” é uma expressão latina que significa “amor ao destino”. Para o Estoicismo, é preciso aceitar que não temos o controle completo da vida. Um dos maiores representantes dessa corrente filosófica, durante o Império Romano, Sêneca afirmou: “Não é que temos pouco tempo, mas que perdemos muito”. Em suma, o amor fati é sobre aceitar, com serenidade, o tempo das coisas. O nosso tempo. 

A ideia de que “o tempo cura” pressupõe que temos a oportunidade de lidar com nossas dores, nossas alegrias, com o novo, com o outro. Para Jung, o crescimento psicológico, a construção de quem somos, ocorre gradualmente ao longo da vida. Para isso, exige tempo, paciência e abertura ao inconsciente. E você, tem se dado tempo para se ouvir?